sábado, 21 de julho de 2012

Lentilha-d'água, a pequena planta que limpa o esgoto

Planta aquática capaz de reduzir de 15% a 20% a carga orgânica do esgoto doméstico é alvo de pesquisa na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A lentilha-d’água, utilizada em estações de tratamento dos EUA, China, Índia e Austrália, tem menos de dois centímetros e é considerada a menor do mundo entre as angiospermas (plantas com flores).

O Laboratório de Genômica e Proteômica de Plantas analisa duas espécies, uma do gênero Spirodela e outra do Lemna. “Vamos caracterizá-las geneticamente e verificar a eficiência delas no tratamento de esgoto”, diz o coordenador do laboratório, Tercílio Calsa Júnior.

A pesquisa teve início em janeiro, quando a equipe de Tercílio recebeu a visita de equipe da Rutgers University, em Nova Jersey, nos EUA. “Eles pesquisam as lentilhas-d’água há dez anos e lá a planta já é usada em estações de tratamento”, informa Tercílio, vinculado ao Departamento de Genética da UFPE.

No Estado, o tratamento é biológico, mas não usa plantas, explica a diretora de Tratamento de Esgoto da Companhia de Saneamento de Pernambuco (Compesa), Fátima Barbosa. Ela considera a pesquisa promissora. “Claro que a pesquisa é interessante. Além de ser um processo natural, pode significar redução de custos.”

Entusiasta da planta, o geneticista da UFPE acredita que as condições climáticas do Nordeste favorecem o cultivo da lentilha-d’água. “Aqui é um dos locais de ocorrência natural da espécie, que só precisa de área, sol e nutrientes. Temos a temperatura ideal – 30º a 32º – e, no caso de estações de tratamento, a carga orgânica funciona como alimento.”

Chamada duckweed (erva de pato), por ser um alimento da ave nos ambientes naturais, a planta foi identificada no câmpus da UFPE (Riacho do Cavouco), no Açude de Apipucos e na Estação de Tratamento da Compesa na Mangueira, Zona Oeste do Recife. Amostras coletadas nos dois locais por equipes da UFPE e da Rutgers University estão em cultivo no LGPP, vinculado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) do Bioetanol.

A minúscula planta, que forma extensos tapetes verdes e é confundida com lodo ou algas nocivas, possui raiz, caule, folha, folha, flor e fruto. Embora tenha estrutura floral, a reprodução normalmente ocorre por brotação. Ou seja, a planta dá origem a clones. O mesmo ocorre com a cana-de-açúcar, carro-chefe das pesquisas do LGPP. “Excepcionalmente, pode haver floração e frutificação”, ensina Tercílio Calsa Júnior.

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