domingo, 11 de março de 2012

Cientistas russos chegam ao Lago Vostok, intocado há 14 milhões de anos


Por décadas, o homem tem olhado para o espaço em busca de novas formas de vida. Cientistas russos do Instituto de Pesquisa Ártica e Antártida, porém, concluíram que talvez o olhar humano esteja voltado para a direção errada. Eles estão prestes a descobrir vidas “alienígenas” observando as profundezas de um lago isolado há, pelo menos, 14 milhões de anos. De tabela, esperam decifrar alguns dos enigmas da evolução.
Foram quase 50 anos de perfurações em um dos ambientes mais inóspitos da Terra, a Antártida. A temperatura, nos melhores momentos, girava em torno dos –55ºC e o vento rasgava a pele dos exploradores russos. Ontem, finalmente, segundo a agência russa RIA Novosti, os pesquisadores venceram uma camada de quase 4km de profundidade de gelo e atingiram a superfície do Lago Vostok. A pergunta “o que será encontrado?” poderia alimentar roteiros dos mais desvairados filmes de ficção científica. Protegido do resto do mundo por gelo e rochas desde antes da existência da raça humana, o Lago Vostok criou o seu próprio caminho para a evolução. Agora, os cientistas estão em alvoroço para saber que espécies podem ter prosperado em um ambiente tão adverso, sem luz e praticamente sem calor.
O ecossistema no fundo do Lago Vostok obedece à exigência número 1 dos astrônomos para a existência de vida: a presença de água em estado líquido. Isso só foi possível devido à combinação de uma série de fatores. O primeiro deles é a grossa camada de gelo que recobre o até agora desconhecido ambiente subglacial, e funciona como um grande cobertor. Além de isolá-lo termicamente dos ares congelantes da superfície, essa proteção, sustentam os cientistas, exerce uma enorme pressão sobre a água do fundo do lago, fazendo com que ela se mantenha em estado líquido a até –3ºC. Segundo essa hipótese, esse “bolsão de água doce” também tira vantagem do calor produzido pelo centro da Terra, que eleva suas temperaturas.
Naturalmente, nem mesmo os cientistas mais ambiciosos esperam encontrar vida inteligente aprisionada nesse complexo de gelo. Pelo contrário, as expectativas são de que as espécies que prosperaram no Lago Vostok sejam, principalmente, compostas de micro-organismos, como bactérias. Se houver pequenos gêiseres (fontes naturais de vapor expelido do centro da Terra) em seu solo, entretanto, pesquisadores admitem a possibilidade da existência de pequenos peixes cegos, como os encontrados em algumas regiões muito profundas do oceano. Esse cenário, porém, é bastante improvável. “Essas espécies unicelulares estão há tantos milhões de anos sem luz que devem ser altamente resistentes ao frio e fazer seu metabolismo a partir de rochas, com quantidades muito baixas de oxigênio”, supõe Maria Júlia Martins Silva, professora de zoologia da Universidade de Brasília (UnB). “A fonte de oxigênio, aliás, deve ser a própria água.”

COMENTÁRIO: E o Planeta Terra não deixa de revelar surpresas para nós. Não sei se um dia poderemos dizer que conhecemos realmente a nossa casa e como ela funciona.

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